quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Defenda sua tese: Protocolo de Kyoto e seus créditos de carbono

Espaço de pesquisa e opiniões. Informe-se e defenda sua tese sobre o assunto postado
PROTOCOLO DE KIOTO – UMA SOLUÇÃO COM SEUS PERIGOS. O Protocolo de Kioto criou um novo mercado, cujas cifras alcançam milhões de Euros. Com ele surgem oportunistas e grandes prejuízos. Em rápida revisão, encontramos o Protocolo de Kioto, documento produzido na Convenção das Partes de nº 03, em 1997, na cidade de Kioto. Sua motivação foi a não aplicabilidade imediata da Convenção Quadro, elaborado em 1992. As mudanças provocadas pelo homem ao clima não pode esperar. Aplicando o princípio do poluidor pagador, o Protocolo de Kioto cria o mercado de créditos de carbono. Indutor de equilíbrio de emissões poluentes e seqüestro dessas.Tem por base um estudo de emissões na década de 1990, e de sua escalada até os dias de hoje, e tem como meta voltar a estes índices, com uma redução de 5% destas. Foi criada a designação Anexo 1 e Não Anexo 1. Estas fazem referência ao maiores e aos menores poluidores mudiais. Anexo 1, os maiores poluidores. O Brasil está elencado como Não Anexo 1, sendo contudo que o crescimento esperado o coloque ao par com os maiores poluidores até o ano de 2012. O prazo determinado para tanto é 2012, sendo o ano de 2008 o prazo para que os signatários Anexo 1 apresentem suas iniciativas iniciais, quais sejam, a criação de sistemas para readequação de parques industriais, a demonstração de redução de suas emissões, ou a aquisição de créditos de carbono, com a conseqüente transferência de renda para fianciamentos de MDL nos países Não Anexo 1. A redução de emissões pura e simples é impensável. O paradigma de “parques industriais”,eprogresso, de mais de 150 anos de revolução, estruturação e modernização de parques fabris, é quasemonolítico. Empurra o empresário a buscar lucros inconseqüentemente. Estabelecidas estas metas de redução de dióxido de carbono, a 7ª Conferência das Partes, em Marakesh, regulamentou o artigo 12 do protocolo. Cuidou da criação de um novo paradigma de produçãoo crescimento sustentável, pela via dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL–, e da transferência de créditos de não emissão, de países Não-Anexo 1. Com esta prática, atingem-se duas vertentes de solução. Em primeiro lugar, os países Não-Anexo 1 podem obter financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável – via MDL – , com a possível transferência de tecnologia. A segunda, é a aquisição de créditos de não emissão, pelos participantes do Anexo 1, com a transferência simples de metas de países Não-Anexo 1. A grande mudança esperada é a reeducação do empresariado e do mercado, que já exige em muitos casos o “selo ambiental”. A garantia de respeito ambiental na sede da empresa. Grandes empresas, no Brasil, já saíram em busca de seus contratos de venda de crédito. Como exemplo, a grande Gerdau, cujo projeto, será suficiente para cobrir investimentos e ainda sobrar no caixa, apenas com substituição de combustíveis dos altos fornos. As estimativas de valor do CO2 vão de US$ 3,50 a US$ 6,00 a tonelada equivalente. Mas como se vê, pelo exemplo, o projeto deve gerar diferenças a menor, nas emissões, ou seqüestrar carbono, para ser considerado “aprovável”. Deve ser auto-sustentável, com resultados efetivos frente à linha de base e um sistema gerencial coerente e duradouro. O projeto candidato deve apresentar inovações tecnológicas ou soluções empregadas, tanto quanto viabilidade econômica. Há uma estimativa realizada pelo Banco Mundial, segundo a qual os custos de elaboração, encaminhamento e acompanhamento de negociações até a aprovação do crédito atingem a média de US$ 130.000 a US$ 260.000. Com estes valores, poucas empresas têm capacidade econômica individual. Uma solução é a organização de projetos de seqüestro, ou de redução de emissões no âmbito das cooperativas. Com esta, dissolvem-se os custos, implementando-se participação de vários pequenos e médios empresários, cujos ramos de atuação encaixem-se na lista de emissores. Outro ponto a ser melhorado em regime de cooperação é a segurança, jurídica. A preocupação ganhou ares de fato com a detecção de problemas facilmente resolvidos pelo crivo de um bom advogado, e de boas doses de informação. Já houve casos de contratação dos direitos de geração de créditos, por empresas estrangeiras, cujo alvo foram suinocultores, pequenos e médios empresários, desinformados, mal ou não assistidos por advogados, desconhecedores do assunto e de práticas contratuais capazes de gerar graves desequilíbrios. Foram assinados instrumentos, cujos contratantes investem em sistemas de coleta dos dejetos, biodigestores e canalização do metano, para caldeiras de geração de energia. Trazem seus técnicos para o funcionamento do sistema, ficando a cargo do produtor a sua atividade normal. A redução de custos com a energia elétrica e a obtenção de adubo natural são as únicas vantagens perc as, além das instalações então “franqueadas” ao produtor. Os custos de elaboração do projeto são do contratante, que se for aprovado, beneficia-se integralmente da venda do crédito eatinge a compensação de suas emissões, além de um grande lucro em caixa. Apenas para constar, em média, um biodigestor paga-se em dois anos de operação. Sua operação exige conhecimento prático e manutenção periódica. Não demanda técnicos especializados, salvo para os casos de manutenção de geredores de energia. E o desequilíbrio está exatamente neste ponto. O produtor é informado dos elevados custos de elaboração, implantação do projeto, apresentação nos Comitês da ONU e negociação para a aprovação. Num mesmo “pacote” entra a informação dos custos de manutenção, gestão, outros dados absurdos. Obviamente os dados relativos a proveito financeiro são omitidos ou alterados para não despertar a atenção. Como o metano, principal emissão da suinocultura, tem três vezes o poder nocivo do CO2 , vale proporcionalmente mais no mercado. O lucro gerado ao contratante é substancialmente mais elevado que o benefício a ser obtido pelo produtor, que tem sido tratado como mero hospedeiro de um projeto altamente lucrativo. Em duas situações o problema se manifesta, portanto. De um lado o produtor, quando percebe o engodo, torna-se oponente a todas as iniciativas de manejo ambiental. Deixa de haver crescimento sustentável. E por um lado meramente conceitual, o uso indevido do sistema de mercado de carbono corrói sua estrutura, calcada na reeducação, na geração de tecnologia e na transferência de conhecimentos. Repete-se, desta forma, o histórico paradigma industrial/comercial. Vencedores e perdedores:um grande desequilíbrio irmão da ignorância. É necessário um sério trabalho de conscientização e informação, sob pena de grandes danos sociais e novos métodos de escravização do produtor. Ora, o comércio tem por base a busca do melhor preço, das melhores vantagens. Há teorias e mais teorias sobre o equilíbrio entre as partes, e isso vem sendo satisfatoriamente conseguido, tanto no panorama de economias locais, quanto no de economia mundial. O efeito globalização, na prática é muito antigo. Principalmente no que se refere a questões ambientais. É preciso que haja, na esteira deste movimento de redução de emissões poluentes, de que meio for, a adoção de novos paradigmas, como o do investimento em excelência, o qual importa em redução de desperdícios e de custos. O assunto projeto “ambientalmente correto” normalmente exige esforços iniciais, mas compensa em curto espaço de tempo. E um dos mais importantes investimentos neste caminho é o da preparação dos administradores, dos gestores, dos advogados. A complexidade do assunto exige um conhecimento geral e técnico impossível de ser encontrado apenas em um profissional. As imbricações do conhecimento prático criaram inexoravelmente a realidade da transdisciplinariedade, em que o conhecimento de um completa o de outro, gerando um todo indissolúvel. Talvez a maior lição a aprender com este novo mercado e as exigências que dele emergem, seja exatamente a da necessidade de respeito. Cada ativo, seja humano, natural, tangível ou intangível, podem e devem ser utilizados com o respeito devido, para a manutenção da vida de toda uma civilização. Os preços, hoje em dia, tem o componente “respeito ambiental” como um componente cada vez mais importante, seja qual for o produto ou serviço. Luiz Cesar Taborda Alves é, advogado pesquisador em Direito Ambiental, membro da Siqieira Alves e Porto Advogados Associados, Assessor da Ong CEDEA – Centro de Estudos Defesa e Educação Ambiental e da REDE BRASILEIRA PARA CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E NATURAIS AMIGOS DAS ÁGUAS – ADA.

Crítica ambiental ao protocolo de Kyoto

Protocolo de Kyoto só é bom para o sistema financeiro Tema:EcologiaAutor: Redação 360 GrausData: 1/8/2008 "O Protocolo de Kyoto é inócuo para deter o aquecimento global." A afirmação categórica é da geógrafa italiana Teresa Isenburg, professora do Departamento de Estudos Internacionais da Universidade de Milão, que há décadas se debruça sobre as relações internacionais que envolvem o meio ambiente.Interesses do mercado financeiroPara ela, o documento assinado em 1997 na cidade japonesa acabou atendendo somente os interesses do mercado financeiro, o que pode ser perc o na União Européia, onde os impactos do tratado deveriam ser mais sentidos.Segundo a cientista, a Eco 92, conferência da Organização das Nações Unidas realizada no Rio de Janeiro, trouxe esperanças de mudanças reais de atitudes que não se concretizaram cinco anos depois, em Kyoto. O panorama histórico explicaria isso."Em 1992, os Estados Unidos estavam envolvidos e distraídos com a primeira guerra do Golfo. Cinco anos depois, eles já se apresentavam como a única potência mundial", disse.Mercado mundial de carbonoTeresa aponta que o unilateralismo norte-americano enfraqueceu o multilateralismo "periférico" vigente até então. Além dos Estados Unidos, outros interesses também determinariam o destino da reunião de Kyoto.Com medo da criação de uma taxação para conter emissões de gases causadores do efeito estufa, a iniciativa privada teria se adiantado e apresentado a proposta do mercado mundial de carbono, conforme conta a geógrafa.A vontade do empresariado teria prevalecido e gerado as bolsas de carbono, onde são negociados créditos referentes a esse gás. Cada tonelada de dióxido de carbono não emitida ou seqüestrada da atmosfera em países não-desenvolvidos gera um crédito de carbono, comprado por empresas dos países desenvolvidos para compensar suas próprias emissões e, com isso, cumprir a meta exigida pelo protocolo: reduzir as emissões desses gases de modo que em 2012 elas sejam 5% menor que a quantidade registrada em 1990.Aumento nas emissões"A Itália, por exemplo, começou a investir em projetos na China e no Marrocos, porque não conseguiu diminuir as próprias emissões. Pelo contrário, elas aumentaram", exemplificou.De acordo com a pesquisadora o mercado de carbono se tornou um "jeito barato de mascarar o problema sem resolvê-lo". "Se a Itália fosse reduzir as emissões em seu próprio solo, gastaria 80 euros por tonelada de dióxido de carbono, na China esse valor é de 3 euros e a Itália não precisa parar de poluir", afirmou.Taxação sobre o petróleoA professora da Universidade de Milão também criticou a ausência nas negociações de Kyoto de propostas que previssem taxação sobre o petróleo. "Seria muito simples, o recolhimento das taxas formaria um fundo internacional que financiaria as mudanças para fontes mais limpas de energia", apontou.Como exemplo da força dos tratados internacionais, ela cita a eliminação do tráfico de escravos em 1815, pelo Congresso de Viena, que atingiu uma fonte de energia importante para a economia da época. "Outro ponto negligenciado no protocolo foram os países produtores de petróleo que mantêm uma economia dependente do produto e não assumiram compromissos de mudança", disse.Participação da sociedade civilComo solução, Teresa aposta na participação da sociedade civil, que até agora teria se mantido à margem das discussões. No caso de Kyoto, a resposta ao problema ambiental do aquecimento foi entregue ao sistema financeiro que, segundo ela, não resolve o problema e ainda procura ganhar dinheiro com isso. "A sociedade civil tem que se levantar e retomar elementos importantes que estão sendo desapropriados, como água, ar e as diversas formas de vida", disse.